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O tradutor de Forbidden Lands em português do Brasil

Atualizado: 25 de ago. de 2021

Conversei com Gustavo Moscardo Domingues, tradutor de Forbidden Lands para ptBR sobre a sua experiência com o premiadíssimo jogo de RPG.


Colecionando prêmios ano após ano, o lançamento de dezembro de 2017 da sueca Fria Ligan (Free League) chegou ao Brasil em português em 2020 por financiamento coletivo da Sagen, já disponível hoje na Amazon.


Veja nosso vídeo abaixo monstrando o material em português.


Trabalhar com jogos é sempre um ofício desafiador, pois exige do profissional de tradução não só o domínio do idioma, mas a sensibilidade e experiência para traduzir as regras de forma correta e poder repassá-las sem causar dificuldade ao leitor/jogador.


Para além dos desafios mecânicos, descansam escondidos num jogo deste inúmeros termos inventados do imaginário fantástico que lhe cabe: Varassa, Stanengist e tantos outros que decoram as lentes pelas quais observamos novos mundos.


Das impressões que tive do texto


Pela introdução de novas morfologias, como fez Augusto de Campos em Finegan's Wake ("silvalunágua"), e com a maestria conhecida de Guimarães Rosa e suas invenções vocabulares, Gustavo Moscardo se mostra "totalmente integrado às correntes atuais da poesia" (1), característica que para Odorico Mendes é essencial para "reconfigurar, síncrono-diacronicamente, a melhor poesia do passado" (2).


Cito o passado pois é comum que jogos e livros de fantasia utilizem-se de linguagem clássica, rebuscada ou arcaica para exprimir um imaginário antigo ou destacado do nosso, suspendendo a nossa descrença delicadamente.

  1. "Da tradução como criação e como crítica", em Metalinguagem, Haroldo de Campos. Cultrix, São Paulo, 1976, p. 27;

  2. op. cit., p. 28.


CONVERSA COM O TRADUTOR


Como foi a preparação antes de se debruçar sobre a tradução de Forbidden Lands? Houve algum tipo de direcionamento/diretriz da Fria Ligan?


Em relação as diretrizes da Free League, não houve nada passado diretamente para mim, mas eu sei que existem diretrizes contratuais da tradução, mas quem faz a avaliação e a garantia dessas cláusulas são os editores, que são quem tem o poder final sobre o texto em suas revisões editoriais. Em geral essas cláusulas incluem a proibição de supressão de conteúdo ou alteração maliciosa dele.


A minha preparação em específico foi ler todo o material duas vezes, isso quer dizer o conjunto básico e as expansões que haviam saído na época, incluindo Expurgo do Corvo e Pináculo de Quetzel. Nessa época eu também comecei a mestrar uma mesa de jogo regular para analisar o jogo na prática e fiz um glossário de tradução de todos os termos e nomes relevantes antes de começar a tradução de fato. A versão final do meu glossário tem 637 itens registrados.


O que você mais ansiava traduzir?


Não sei se “ansiar” seria o termo, mas acredito que a parte que mais me agradou foi a história do mundo, que se encontra no Guia do Mestre, foi uma parte muito divertida e tranquila, que passou muito rápido durante a tradução.


Qual trecho você já imaginava que seria desafiador?


Termos de jogo (mecânica) e nomes em geral são desafiadores em RPGs, porque eles são extremamente recorrentes, e por isso é importante checar se não há nada que contradiz o significado de uma tradução em outro material oficial que tenha sido lançado até então. Também há a questão do costume do público com determinadas traduções, e por isso eu abri uma parte da tradução para ser discutida publicamente pelos fãs no grupo do Forbidden Lands Brasil. Foi assim que chegamos à conclusão de padronizar termos de jogo da mecânica de Year Zero Engine de acordo com material que já havia sido publicado no Brasil, a pedido dos fãs. Então Tales from the Loop e Forbidden Lands usam termos que foram utilizados primeiro no livro do Mutant: Ano Zero da editora Pensamento Coletivo.


Há algo em particular que te orgulha no produto final?


Eu gosto particularmente dos nomes dos reinos, como Corvandor e Amiendar (Raven Lands e Alderland no original). Acho que conseguimos fazer uma tradução que passasse um nome de reinos místicos e esquecidos.


The Raven Lands (Corvandor)


Qual o aprendizado para futuras traduções? Há algo na abordagem, escolhas ou diretrizes que você mudaria?


Acho que existem poucas coisas que eu mudaria no livro, justamente por termos aberto para discussão com a comunidade, e pelo acesso deles ao Guia de Jogo Rápido gratuito. Então tivemos diversas ponderações públicas da tradução antes da publicação, o que nos permitiu reavaliar muita coisa do material antes de ele chegar em sua forma final.


Gustavo Moscardo está presente no YouTube, Instagram e Facebook como o Rei Grifo.


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