Desafios de tradução nos próximos lançamentos de D&D
- rodolfofsalgueiro
- 12 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
São três livros saindo do forno neste final de ano: The Wild Beyond the Witchlight, Fizban's Treasury of Dragons e Strixhaven: Curriculum of Chaos.

Não é novidade para a comunidade rpgística brasileira que as escolhas de tradução - oficiais ou não - gerem animosidade entre jogadores e mestres de Dungeons & Dragons. Seja pelo hábito de usar as expressões em inglês já calcificadas no imaginário fantástico brasileiro ou pelas opções não-oficiais fornecidas por membros das comunidades tradutoras que rapidamente se debruçam sobre o material anglófono, raros são os casos onde a discussão é voltada para a admiração das escolhas.
Seja como for, o trabalho do tradutor é aquele de negociar os anseios de todas as partes interessadas: autor, editora, mercado, público e ele mesmo. Esta negociação por vezes agrada alguns destes players, mas não todos - e isto é natural.
Mas quais os desafios nas próximas publicações?
Em retrospecto, olhando para as discussões de livros passados, me parece que o grande desafio do tradutor nos próximos livros será não só fazer a escolha mais apropriada para os títulos ou diagramação, mas também negociar os anseios de todas as partes dentro das diretrizes a fim de dirimir a animosidade hoje presente nas comunidades dentro e fora das redes sociais.
Ao que parece, a comunidade rpgística não cria qualquer divergência sobre os títulos das publicações - e é onde o tradutor parece ter maior liberdade para buscar algo que localize a original. Ainda que possuam preferências, a comunidade não reage negativamente ao título, em parte por já estar acostumada ao que acontece com filmes, séries e romances. É curioso no entanto perceber que a principal animosidade surja das opções de classe e raça nos jogos, onde o jogador tem poder de escolha.
É nestas opções feitas pelos jogadores que surgem as principais divergências: o jogador não quer escolher - ou ao menos tem resistência de fazê-lo - algo cujo nome não lhe agrada, ainda que mecanicamente faça sentido dentro de suas preferências. Ele optará por chamar de outro nome ou constantemente fará brincadeira com aquilo que lhe é "forçado goela abaixo".
As três publicações novas trazem poucos desafios neste sentido, já que há muita novidade em questão. Ou seja, a comunidade calcificou poucas escolhas não-oficiais e também não teve tempo de deglutir os originais em inglês. Dito isto, seguem alguns termos que considero desafiadores do ponto de vista da negociação, mas não da mera tradução:
Gem dragons (em Fizban's, cuja mera tradução soa "tosca" para muitos)
Mage (em Strixhaven, não meramente "Wizard" ou "Sorcerer")
Greatwyrm (em Fizban's, fazendo referência a tipos de dragões)
Witchlight (em The Wild Beyond Witchlight)
Delight (em "Domains of Delight", não meramente "prazer")
Elenquei cerca de 50 termos, mas cito apenas estes para atiçar a curiosidade.
Que outros termos você acha que podem ser particularmente desafiadores para tradutores ou para a comunidade em vista do que gera animosidade ou não perante os fãs e operadores da indústria de RPG?
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